Blogue :: Tamina Ananda

SE EU SOUBESSE by T.A.

Passaste a vida beijando-me e eu nunca aceitei teus beijos. Agora, aqui, no leito da morte, o meu único desejo é poder voltar atrás no tempo. Ai, se eu soubesse!... Se eu soubesse que os únicos beijos verdadeiros que receberia seriam os teus, ter-te-ia beijado com o mesmo amor, ter-te-ia retribuído por inteiro todas as carícias tímidas e irreais, teria dado vida à nossa paixão...

Se eu ao menos soubesse! Se eu tivesse sabido das noites que passaste acordado pensando em mim, ou quantas vezes quiseste confessar-me os teus sentimentos... se as estrelas a quem eu pedia um amante me dissessem que tu estavas nesse momento a sonhar comigo...

Se ao menos a tua face se tivesse reflectido no chão enquanto eu chorava...

Quanto tempo perdido! Quanto tempo gasto em vão, a imaginar um príncipe num cavalo branco... quanto tempo gasto a procurar nos lugares errados... quantos pontapés e feridas abertas...

Porque não me disseste que eu estava a praticar a mesma maldade contigo? Se ao menos mo tivesses dito!... Se os meus olhos tivessem lido nos teus tudo aquilo que a tua boca não teve coragem de contar ao meu ouvido e que as tuas mãos já trémulas não puderam escrever no papel...

Sim, teríamos sido felizes! Teríamos sido felizes se nos tivéssemos tido um ao outro...

(2000)

TEMPO by T.A.

Esta dor que não é dor mas que me come por dentro, esta vontade de agarrar o impossível e vencer o sonho... esta vontade de ir mais além, de permanecer na ilusão e torná-la assim realidade... Esta vontade de te ter, de ser em ti e de juntos sermos um só novamente... O tempo, esse cruel criador de feridas, esse lento curandeiro... Ò tempo, devolve-me ao tempo da minha felicidade, aos braços do meu amor!! Tempo, oh tempo! Apaga esta mágoa causada no meu peito pela separação, sara a ferida do meu coração... Torna-te meu, ò tempo!... e deixa-me viajar até àquele momento único em que as estrelas brilhavam no céu e a lua nos abençoava com a sua luz... deixa-me regressar a si e dizer-lhe porque razão falo de amor... deixa que lhe fale do seu vivo olhar, do seu magnífico sorriso, da suavidade da sua pele, do tom encantador da sua voz... Deixa-me, ò tempo, voltar atrás em ti... e em ti permanecer e nos braços ternos do meu amor.

(2000)